Consumo de álcool aumenta durante a pandemia

Com o isolamento social decorrente da pandemia do coronavírus, muitas pessoas ficaram sozinhas, ansiosas e entediadas. Com isso, algumas buscaram na bebida a solução para os seus problemas, o que fez com que o consumo de álcool na pandemia aumentasse.

No início do isolamento, alguns acreditavam que o álcool das bebidas podia até matar o novo coronavírus, seguindo a lógica de que o álcool em gel, quando aplicado nas mãos, ajuda a conter a disseminação do vírus. No entanto, essa teoria não passa de um boato, já desmistificado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Em abril deste ano o órgão pediu aos governantes que limitassem o acesso a bebidas alcoólicas, devido aos malefícios à saúde. O pedido também está relacionado ao aumento no consumo dessas bebidas pela crença de que elas seriam capazes de eliminar o coronavírus do corpo humano. “Medo e desinformação geraram um mito perigoso de que consumir bebidas com forte teor alcoólico pode matar o novo coronavírus. Não é verdade”, alertou a OMS em comunicado.

Por que bebemos?

De acordo com o médico Drauzio Varella, em artigo recente no seu site, uma das motivações para o uso de drogas, sejam elas lícitas ou ilícitas, é a busca por prazer. No entanto, as consequências a longo prazo não são nada prazerosas. O uso contínuo de álcool por pessoas em isolamento pode acarretar, por exemplo, piora geral nas condições de saúde, aumento dos comportamentos de risco, problemas de saúde mental e maior risco de violência, inclusive doméstica.

Para o médico, beber para amenizar algum tipo de mal-estar emocional também é uma motivação comum, e momentos sensíveis como o que vivemos podem acentuar esse tipo de uso, ainda que, de tão naturalizado, a pessoa não perceba.

“Durante a pandemia, na minha atuação como psicóloga, percebi muitas pessoas relatando um desconforto generalizado, mas sem conseguir nomear exatamente esse sentimento. O que me fez convidá-las a refletir sobre o luto. Estamos vivendo um luto coletivo, constante, há meses. É um misto de ansiedade, impotência e incerteza. Às vezes, o álcool surge para aliviar essa sensação”, conta Maria Angélica Comis, psicóloga e mestre em Medicina e Sociologia do Abuso de Drogas. 

Procurando ajuda

Se você conhece alguém que tem extrapolado na bebida ou sente que o seu consumo de álcool aumentou durante a pandemia, busque ajuda. O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza gratuitamente um serviço de cuidado assistido aos usuários de álcool e outras drogas, disponível nos Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD). Pelo site da prefeitura de sua cidade é possível buscar a unidade mais próxima. Lembre-se sempre: a bebida não é e não deve ser um remédio para a tristeza.

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